miércoles, 26 de octubre de 2011




Economia| 25/10/2011 | Copyleft 

Matemáticos revelam rede capitalista que domina o mundo

Uma análise das relações entre 43.000 empresas transnacionais concluiu que um pequeno número delas - sobretudo bancos - tem um poder desproporcionalmente elevado sobre a economia global. A conclusão é de três pesquisadores da área de sistemas complexos do Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne, na Suíça. Este é o primeiro estudo que vai além das ideologias e identifica empiricamente essa rede de poder global.

Nota introdutória publicada por Ladislau Dowbor em sua página:

The Network of Global Corporate Control - S. Vitali, J. Glattfelder eS. Battistoni - Sept. 2011

Um estudo de grande importância, mostra pela primeira vez de forma tão abrangente como se estrutura o poder global das empresas transnacionais. Frente à crise mundial, este trabalho constitui uma grande ajuda, pois mostra a densidade das participações cruzadas entre as empresas, que permite que um núcleo muito pequeno (na ordem de centenas) exerça imenso controle. Por outro lado, os interesses estão tão entrelaçados que os desequilíbrios se propagam instantaneamente, representando risco sistêmico. 

Fica assim claro como se propagou (efeito dominó) a crise financeira, já que a maioria destas mega-empresas está na área da intermediação financeira. A visão do poder político das ETN (Empresas Trans-Nacionais) adquire também uma base muito mais firme, ao se constatar que na cadeia de empresas que controlam empresas que por sua vez controlam outras empresas, o que todos "sentimos" ao ver os comportamentos da mega-empresas torna-se cientificamente evidente. O artigo tem 9 páginas, e 25 de anexos metodológicos. Está disponível online gratuitamente, no sistemaarxiv.org 

Um excelente pequeno resumo das principais implicações pode ser encontrado no New Scientist de 22/10/2011 (e está publicado a seguir).


(*) O gráfico em forma de globo mostra as interconexões entre o grupo de 1.318 empresas transnacionais que formam o núcleo da economia mundial. O tamanho de cada ponto representa o tamanho da receita de cada uma

A rede capitalista que domina o mundo
Conforme os protestos contra o capitalismo se espalham pelo mundo, os manifestantes vão ganhando novos argumentos.

Uma análise das relações entre 43.000 empresas transnacionais concluiu que um pequeno número delas - sobretudo bancos - tem um poder desproporcionalmente elevado sobre a economia global.

A conclusão é de três pesquisadores da área de sistemas complexos do Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne, na Suíça

Este é o primeiro estudo que vai além das ideologias e identifica empiricamente essa rede de poder global.

"A realidade é complexa demais, nós temos que ir além dos dogmas, sejam eles das teorias da conspiração ou do livre mercado," afirmou James Glattfelder, um dos autores do trabalho. "Nossa análise é baseada na realidade."

Rede de controle econômico mundial
A análise usa a mesma matemática empregada há décadas para criar modelos dos sistemas naturais e para a construção de simuladores dos mais diversos tipos. Agora ela foi usada para estudar dados corporativos disponíveis mundialmente.

O resultado é um mapa que traça a rede de controle entre as grandes empresas transnacionais em nível global.

Estudos anteriores já haviam identificado que algumas poucas empresas controlam grandes porções da economia, mas esses estudos incluíam um número limitado de empresas e não levavam em conta os controles indiretos de propriedade, não podendo, portanto, ser usados para dizer como a rede de controle econômico poderia afetar a economia mundial - tornando-a mais ou menos instável, por exemplo.

O novo estudo pode falar sobre isso com a autoridade de quem analisou uma base de dados com 37 milhões de empresas e investidores.

A análise identificou 43.060 grandes empresas transnacionais e traçou as conexões de controle acionário entre elas, construindo um modelo de poder econômico em escala mundial.

Poder econômico mundial
Refinando ainda mais os dados, o modelo final revelou um núcleo central de 1.318 grandes empresas com laços com duas ou mais outras empresas - na média, cada uma delas tem 20 conexões com outras empresas.

Mais do que isso, embora este núcleo central de poder econômico concentre apenas 20% das receitas globais de venda, as 1.318 empresas em conjunto detêm a maioria das ações das principais empresas do mundo - as chamadas blue chips nos mercados de ações.

Em outras palavras, elas detêm um controle sobre a economia real que atinge 60% de todas as vendas realizadas no mundo todo.

E isso não é tudo.

Super-entidade econômica
Quando os cientistas desfizeram o emaranhado dessa rede de propriedades cruzadas, eles identificaram uma "super-entidade" de 147 empresas intimamente inter-relacionadas que controla 40% da riqueza total daquele primeiro núcleo central de 1.318 empresas.

"Na verdade, menos de 1% das companhias controla 40% da rede inteira," diz Glattfelder.

E a maioria delas são bancos.

Os pesquisadores afirmam em seu estudo que a concentração de poder em si não é boa e nem ruim, mas essa interconexão pode ser.

Como o mundo viu durante a crise de 2008, essas redes são muito instáveis: basta que um dos nós tenha um problema sério para que o problema se propague automaticamente por toda a rede, levando consigo a economia mundial como um todo.

Eles ponderam, contudo, que essa super-entidade pode não ser o resultado de uma conspiração - 147 empresas seria um número grande demais para sustentar um conluio qualquer.

A questão real, colocam eles, é saber se esse núcleo global de poder econômico pode exercer um poder político centralizado intencionalmente.

Eles suspeitam que as empresas podem até competir entre si no mercado, mas agem em conjunto no interesse comum - e um dos maiores interesses seria resistir a mudanças na própria rede.

As 50 primeiras das 147 empresas transnacionais super conectadas

Barclays plc 
Capital Group Companies Inc 
FMR Corporation 
AXA 
State Street Corporation 
JP Morgan Chase & Co 
Legal & General Group plc 
Vanguard Group Inc 
UBS AG 
Merrill Lynch & Co Inc 
Wellington Management Co LLP 
Deutsche Bank AG 
Franklin Resources Inc 
Credit Suisse Group 
Walton Enterprises LLC 
Bank of New York Mellon Corp 
Natixis 
Goldman Sachs Group Inc 
T Rowe Price Group Inc 
Legg Mason Inc 
Morgan Stanley 
Mitsubishi UFJ Financial Group Inc 
Northern Trust Corporation 
Société Générale 
Bank of America Corporation 
Lloyds TSB Group plc 
Invesco plc 
Allianz SE 29. TIAA 
Old Mutual Public Limited Company 
Aviva plc 
Schroders plc 
Dodge & Cox 
Lehman Brothers Holdings Inc* 
Sun Life Financial Inc 
Standard Life plc 
CNCE 
Nomura Holdings Inc 
The Depository Trust Company 
Massachusetts Mutual Life Insurance 
ING Groep NV 
Brandes Investment Partners LP 
Unicredito Italiano SPA 
Deposit Insurance Corporation of Japan 
Vereniging Aegon 
BNP Paribas 
Affiliated Managers Group Inc 
Resona Holdings Inc 
Capital Group International Inc 
China Petrochemical Group Company


COMENTÁRIOS (2 Comentários)
OpiniãoComentárioAutorData
Geografia das redes da con...Anselmo26/10/2011
É muito importante este est...guilherme coelho25/10/2011
Leia Mais
25/10/2011
21/10/2011
 Banco Central recebe crítica até do 'mercado' por corte tímido do juro : Em pesquisa do BC, 'mercado' previa que Comitê de Política Monetária (Copom) baixaria juro em meio ponto, mas instituções como Itaú e Credit Suisse informavam a clientes aposta em queda de até um ponto. Para corretora de câmbio, faltou a 'ousadia' da decisão de agosto, e já seria hora de Copom retomar reuniões mensais, para acelerar redução e enfrentar crise global. 
 Governo pedirá ainda este ano ratificação de entrada no Banco do Sul : Ministério da Fazenda define detalhes de proposta que será enviada ao Congresso pedindo aval à adesão do Brasil ao 'BNDES sul-americano'. Instituição vai financiar projetos de governos e empresas para desenvolver região e atacar pobreza. Expectativa da equipe econômica é de aprovação parlamentar no ano que vem. Aporte de US$ 400 milhões começaria em 2013. 
20/10/2011
 Contra privatização de três aeroportos, 70% param, diz sindicato : Com leilão ao setor privado previsto para dezembro e sem garantia contra demissão, empregados dos aeroportos de Brasília, Guarulhos e Viracopos param por 48 horas. Advocacia Geral da União tenta impedir greve, mas Justiça do Trabalho diz que é 'direito constitucional'. Segundo Infraero, controladora dos aeroportos, paralisação não passa de 30% e não afeta voos. 
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